Física
03/02/2010
Participação das mulheres na ciência é essencial
Na abertura do Encontro Brasil-Reino Unido sobre Mulheres e Ciências, ocorrido nos dias 01 e 02/02/2010, a ministra Nilcéa Freire afirmou ser de extrema importância analisar a historicidade dos indicadores científicos que nos mostram os desafios que as mulheres enfrentam ao se aventurar no mundo das ciências.
Para ela, é indispensável a realização de diagnósticos atuais e apropriados para desenvolver ações que reparem as desigualdades ainda existentes entre pesquisadores e pesquisadoras.
"A disponibilidade de indicadores de ciência e tecnologia separados por sexo em todas as dimensões em que se desenvolve atividade cientifica é um quesito básico para conhecer o estado da ciência e a detecção de padrões de estratificação", afirmou a ministra.
Nilcéa disse ainda ser fundamental a discussão sobre os dilemas que a mulher cientista contemporânea enfrenta ao ingressar no mundo dominado pelo ethos masculino. No encontro foi considerado que garantir a participação equitativa entre homens e mulheres na ciência é essencial, "não apenas por uma questão de justiça, mas também porque vivemos em uma sociedade moderna, na qual a inovação adquiriu uma importância primordial. Assim, não faz sentido aproveitar tão mal metade da fonte de ideias potencialmente revolucionarias".
"A visão de mundo das mulheres é diferente da dos homens, o que faz com que elas façam perguntas cientificas diferentes, e tenham opinião distinta. Nenhum campo deveria estar fora da perspectiva da mulher, pois assim estaremos desperdiçando 50% da capacidade intelectual do nosso país", afirmou Nilcéa.
O Encontro Brasil-Reino Unido sobre Mulheres e Ciências foi organizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo British Council Brasil e pela SPM. A proposta do evento resultou das reflexões desenvolvidas ao longo do Programa Mulher e Ciência, do qual o CNPq é integrante, em diversos cenários de debates, em especial, as dos encontros Pensando Gênero e Ciência.
Além de Nilcéa Freire, prestigiaram a abertura do encontro o presidente do CNPq, Carlos Alberto Aragão, a vice-presidente, Wrana Panizzi, e o Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ronaldo Mota.
Preocupada com o cenário inquietante para as pesquisadoras, a vice-presidente do CNPq, Wrana Panizzi afirmou que a proporção de bolsistas mulheres cresce nas diferentes modalidades oferecidas pela agência do MCT, mas diminui à medida que cresce o nível da bolsa. Isso, segundo ela, demonstra que uma parcela das mulheres que passam pelos primeiros estágios de capacitação e treinamento para as atividades científicas se perdem ao longo desse caminho ou simplesmente não ganham o reconhecimento dos pares com a concessão de suas bolsas.
Os dados revelam que quanto maior a hierarquia acadêmica ou cientifica, menor é a participação feminina. Segundo Panizzi, as estatísticas apontam que, se por um lado, as mulheres têm participado cada vez mais das atividades de C&T no Brasil, por outro, ainda não avançam tanto em cargos e posições de destaque e reconhecimento, com raras exceções.
"Nós vemos que o número de mulheres é mais alto na base que no topo e essa situação de desigualdade no mundo acadêmico só irá deixar de existir se forem tomadas medidas de incentivo a participação das mulheres na ciência, principalmente nas engenharias, computação, matemática, física e filosofia, que é composto em sua maioria por homens", disse Panizzi.
O presidente do CNPq, Carlos Alberto Aragão, que tomou posse semana passada, afirmou ser uma grande honra poder iniciar sua agenda com um programa com um enorme peso e potencial de transformação. "Precisamos superar os gargalos e estimular a discussão e a realização de pesquisas nessa área. Impulsionar e consolidar políticas públicas para a maior inserção e participação das mulheres em todos os campos da ciência e em todas as instancias é fundamental", afirmou o presidente.
Mas os resultados não são apenas negativos. Segundo dados do CNPq, as mulheres são maioria no campo das ciências sociais e humanidades em geral e têm uma participação igualitária ou levemente maior nas ciências da saúde.
Ainda durante a abertura do evento, a especialista britânica Teresa Rees, representante do Reino Unido, destacou que um dos fatores relevantes na hora de explicar as dificuldades das mulheres no desenvolvimento de carreiras cientificas é condicionamento cultural proveniente de uma socialização prematura ou a situação particular da mulher em relação à maternidade. Porque na maioria dos casos, diz-se que a maternidade ocorre em coincidência com a etapa de formação de doutorado.
Outro ponto relevante que Tereza Rees comentou foi que ainda persiste preconceitos como o de que a mulher não teria a mesma capacidade e competência, que pelo fato de ser casada e ter filhos, estaria impossibilitada de viajar para participar de congressos, de que não poderia exercer cargos de chefia e direção, entre outros.
Segundo ela, umas das grandes dificuldades também para as pesquisadoras são que os comitês de julgamento de projetos de pesquisa na maioria são compostos por homens.
"No mundo todo, a maioria dos membros das academias de ciência e dos órgãos e institutos responsáveis por conceder bolsas e verbas de pesquisas são formados por homens. A exclusão das mulheres pode estar sendo provocada por práticas discriminatórias, que mesmo involuntárias e inconscientes, tem afetado e muito a participação da mulher no sistema de C&T, assim como na natureza do conhecimento que se produz", afirmou Ress.
Além de ter dado sua contribuição na abertura do evento Teresa Rees, irá dar uma palestra nesta terça sobre "A Trajetória das Políticas Públicas de Gênero nas Ciências: Sucessos e Desafios na União Europeia. O encontro contará também com a participação de Alice Abreu, diretora do Regional Office for Latin America and the Caribbean International Council for Science, que irá abordar sobre "Mulheres e Ciências: panorama da realidade Brasileira".
No evento foram discutidos temas como a articulação entre pesquisadores com vistas à formação de uma rede de pesquisa; incentivo a consolidação de políticas públicas para a maior inserção e participação das mulheres em todos os campos da ciência no Brasil e na América Latina; troca de experiências e a cooperação científica entre o Brasil, América Latina e Reino Unido.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do CNPq - 01/02/2010.
Para ela, é indispensável a realização de diagnósticos atuais e apropriados para desenvolver ações que reparem as desigualdades ainda existentes entre pesquisadores e pesquisadoras.
"A disponibilidade de indicadores de ciência e tecnologia separados por sexo em todas as dimensões em que se desenvolve atividade cientifica é um quesito básico para conhecer o estado da ciência e a detecção de padrões de estratificação", afirmou a ministra.
Nilcéa disse ainda ser fundamental a discussão sobre os dilemas que a mulher cientista contemporânea enfrenta ao ingressar no mundo dominado pelo ethos masculino. No encontro foi considerado que garantir a participação equitativa entre homens e mulheres na ciência é essencial, "não apenas por uma questão de justiça, mas também porque vivemos em uma sociedade moderna, na qual a inovação adquiriu uma importância primordial. Assim, não faz sentido aproveitar tão mal metade da fonte de ideias potencialmente revolucionarias".
"A visão de mundo das mulheres é diferente da dos homens, o que faz com que elas façam perguntas cientificas diferentes, e tenham opinião distinta. Nenhum campo deveria estar fora da perspectiva da mulher, pois assim estaremos desperdiçando 50% da capacidade intelectual do nosso país", afirmou Nilcéa.
O Encontro Brasil-Reino Unido sobre Mulheres e Ciências foi organizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo British Council Brasil e pela SPM. A proposta do evento resultou das reflexões desenvolvidas ao longo do Programa Mulher e Ciência, do qual o CNPq é integrante, em diversos cenários de debates, em especial, as dos encontros Pensando Gênero e Ciência.
Além de Nilcéa Freire, prestigiaram a abertura do encontro o presidente do CNPq, Carlos Alberto Aragão, a vice-presidente, Wrana Panizzi, e o Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ronaldo Mota.
Preocupada com o cenário inquietante para as pesquisadoras, a vice-presidente do CNPq, Wrana Panizzi afirmou que a proporção de bolsistas mulheres cresce nas diferentes modalidades oferecidas pela agência do MCT, mas diminui à medida que cresce o nível da bolsa. Isso, segundo ela, demonstra que uma parcela das mulheres que passam pelos primeiros estágios de capacitação e treinamento para as atividades científicas se perdem ao longo desse caminho ou simplesmente não ganham o reconhecimento dos pares com a concessão de suas bolsas.
Os dados revelam que quanto maior a hierarquia acadêmica ou cientifica, menor é a participação feminina. Segundo Panizzi, as estatísticas apontam que, se por um lado, as mulheres têm participado cada vez mais das atividades de C&T no Brasil, por outro, ainda não avançam tanto em cargos e posições de destaque e reconhecimento, com raras exceções.
"Nós vemos que o número de mulheres é mais alto na base que no topo e essa situação de desigualdade no mundo acadêmico só irá deixar de existir se forem tomadas medidas de incentivo a participação das mulheres na ciência, principalmente nas engenharias, computação, matemática, física e filosofia, que é composto em sua maioria por homens", disse Panizzi.
O presidente do CNPq, Carlos Alberto Aragão, que tomou posse semana passada, afirmou ser uma grande honra poder iniciar sua agenda com um programa com um enorme peso e potencial de transformação. "Precisamos superar os gargalos e estimular a discussão e a realização de pesquisas nessa área. Impulsionar e consolidar políticas públicas para a maior inserção e participação das mulheres em todos os campos da ciência e em todas as instancias é fundamental", afirmou o presidente.
Mas os resultados não são apenas negativos. Segundo dados do CNPq, as mulheres são maioria no campo das ciências sociais e humanidades em geral e têm uma participação igualitária ou levemente maior nas ciências da saúde.
Ainda durante a abertura do evento, a especialista britânica Teresa Rees, representante do Reino Unido, destacou que um dos fatores relevantes na hora de explicar as dificuldades das mulheres no desenvolvimento de carreiras cientificas é condicionamento cultural proveniente de uma socialização prematura ou a situação particular da mulher em relação à maternidade. Porque na maioria dos casos, diz-se que a maternidade ocorre em coincidência com a etapa de formação de doutorado.
Outro ponto relevante que Tereza Rees comentou foi que ainda persiste preconceitos como o de que a mulher não teria a mesma capacidade e competência, que pelo fato de ser casada e ter filhos, estaria impossibilitada de viajar para participar de congressos, de que não poderia exercer cargos de chefia e direção, entre outros.
Segundo ela, umas das grandes dificuldades também para as pesquisadoras são que os comitês de julgamento de projetos de pesquisa na maioria são compostos por homens.
"No mundo todo, a maioria dos membros das academias de ciência e dos órgãos e institutos responsáveis por conceder bolsas e verbas de pesquisas são formados por homens. A exclusão das mulheres pode estar sendo provocada por práticas discriminatórias, que mesmo involuntárias e inconscientes, tem afetado e muito a participação da mulher no sistema de C&T, assim como na natureza do conhecimento que se produz", afirmou Ress.
Além de ter dado sua contribuição na abertura do evento Teresa Rees, irá dar uma palestra nesta terça sobre "A Trajetória das Políticas Públicas de Gênero nas Ciências: Sucessos e Desafios na União Europeia. O encontro contará também com a participação de Alice Abreu, diretora do Regional Office for Latin America and the Caribbean International Council for Science, que irá abordar sobre "Mulheres e Ciências: panorama da realidade Brasileira".
No evento foram discutidos temas como a articulação entre pesquisadores com vistas à formação de uma rede de pesquisa; incentivo a consolidação de políticas públicas para a maior inserção e participação das mulheres em todos os campos da ciência no Brasil e na América Latina; troca de experiências e a cooperação científica entre o Brasil, América Latina e Reino Unido.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do CNPq - 01/02/2010.