Física
07/08/2012
Posicionamento da maçonaria frente à "Partícula de Deus"
180 graus - 05/08/2012, às 11:59hPosicionamento da maçonaria frente à "Partícula de Deus"
A partir de 04.07.2012 a euforia tomou conta da comunidade científica mundial.
É que naquela data físicos da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN) anunciaram que haviam encontrado o Bóson de Higgs, a partícula subatômica mais procurada do mundo, elemento chave para desvendar o mistério que envolve a criação de universo.
O achado científico ocorreu por meio de experiências levadas a efeito no Grande Colisor de Hádrons – LHC, sigla em inglês de Large Hadron Collider. O LHC da CERN é o maior acelerador de partículas e o de maior energia existente do mundo.
O laboratório está localizado em um túnel de 27 km de circunferência, a 175 metros abaixo do nível do solo na fronteira franco-suíça, próximo a Genebra. Foi instalado em 2010, a um custo estimado de 10 bilhões de dólares, projeto que poderá chegar a 20 bilhões de euros.
Alguns cientistas acreditam que esse poderosíssimo equipamento pode vir a provocar uma catástrofe de dimensões globais, abrindo um buraco negro que acabaria por destruir a Terra.
Quanto ao Bóson, este foi teorizado há 40 anos, pelo físico inglês Peter Higgs, hoje com 83 anos de idade o qual, em vida, recebe com grande entusiasmo os louros de sua descoberta. Seria uma das 17 partículas subatômicas, esta ainda desconhecida, integrante do Modelo Padrão, sistema idealizado pelos pesquisadores para estudo da teoria do átomo, atuante sobre toda a matéria e energia do universo. Registre-se, todavia, que ainda não há uma comprovação definitiva se a nova partícula detectada pelo LHC é realmente o Bóson de Higgs. Se verdadeira, admitem os cientista que o mundo poderá sofrer transformações jamais imaginadas, abalando, inclusive, conceitos de religião, da metafísica e do sobrenatural. O ateísmo está na moda. Um grupo de cientistas que se filia a essa corrente, e portanto se contrapõem à teoria da criação divina, prenunciam grandes reveses para a Igreja, caso o Bóson de Higgs venha a se confirmar. Nada obstante, há cientistas crentes que consideram ciência e religião plenamente conciliáveis.
Perguntado, certa vez, se acreditava em Deus, o maçom Albert Einstein respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe” Já o físico americano Lawrence Krauss disse em recente entrevista à revista Época (04.04.12) que “os milagres se tornaram obsoletos”. Perguntado se Deus se tornou irrelevante para a humanidade, respondeu: “Porque eu penso que Deus é uma invenção da humanidade, minha resposta é não. Se existisse um Deus, ele certamente teria deixado de se preocupar com os desígnios do cosmos logo depois de criá-lo, há 13,7 bilhões de anos, pois tudo o que aconteceu desde então pode ser explicado pela ciência.
Não, Deus talvez não seja irrelevante. Ele é redundante’ Rebecca Goldstein, doutora em filosofia pela Universidade de Princeton e pesquisadora na área de psicologia em Harvard (EUA), conhecida como a “ateia com alma”, em entrevista à revista Veja se posiciona com equilíbrio e sem radicalismo nas discussões sobre ateus e religiosos: "Os ateus têm que acabar com o pedantismo. Eles não têm que ensinar como as pessoas religiosas devem pensar", e "As pessoas religiosas têm que parar de pensar que ateus são imorais e não sabem a diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado". A Maçonaria não se imiscui em questões religiosas, mas tem como desiderato maior a busca da verdade. Por isso, terá grande interesse em estudar e acompanhar o avanço da ciência e das novas tecnologias que dela advirão, como sempre o fez, a partir da concepção da filosofia iluminista. Quanto ao nome de Partícula de Deus, atribuída à descoberta de Higgs, não há qualquer conotação de religiosidade. Trata-se de uma simples jogada de marketing. O norte-americano Leon Lederman, Prêmio Nobel de Física em 1988, ao escrever o livro para leigos sobre a partícula (inédito no Brasil), deu-lhe o título original de “Maldita Partícula”, em função das dificuldades de sua comprovação. Por sugestão dos editores, acatou a ideia de mudá-lo para “Partícula de Deus”, por se tornar mais palatável e despertar maior atenção pelos leitores. (Matéria publicada no Boletim Institucional nº 3 da Academia Piauiense de Mestres Maçons, de Teresina, edição de 30.07.12.
Esta notícia foi publicada em 05/08/2012 no site 180 Graus. Todas as informações nela contida são responsabilidade do autor.