Física
23/09/2013
O uso de partículas miniaturizadas no cotidiano do cidadão
Cientistas norte-americanos embarcam em um submarino miniaturizado e injetado no corpo de Jan Benes, um colega de trabalho em coma. A equipe médica tem apenas uma hora para chegar ao cérebro e drenar o coágulo. Após isso, o submarino minúsculo vai começar a voltar ao tamanho normal, podendo ser detectado pelo sistema imunológico de Benes e possivelmente destruído. A delicada operação pode salvar a vida do cientista, que descobriu uma tecnologia de última geração antes do seu problema de saúde.O roteiro descreve um filme de ficção cientifica de 1966, Viagem Fantástica, que já anunciava princípios atuais da nanotecnologia. Ainda não é possível miniaturizar uma pessoa, como aconteceu no filme, mas a tecnologia de percorrer o corpo humano por meio de uma cápsula é possível quase 50 anos após estreia do filme. Atualmente, uma microcâmera filmadora com luz e bateria de dez horas de duração pode percorrer todo o sistema digestivo - esôfago, estômago e intestino - e identificar problemas não reconhecidos por meio dos exames convencionais, como a endoscopia.
A nanotecnologia refere-se ao bilionésimo do metro e costuma ser comparada com o tamanho de um átomo ou de uma bola de gude diante do planeta Terra. Com seu conhecimento em várias áreas da ciência, é possível produzir medicamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais, materiais mais resistentes, computadores com maior capacidade de armazenamento.
"A gente pode dizer que está rodeado de nanotecnologia sem se dar conta disso. De fato, o revolucionário não surge na redução de tamanho [dos equipamentos] ou no aumento da velocidade. Mas a miniaturização possibilita aplicações que a gente nem imagina", explica o professor de física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Peter Schulz.
Segundo o coordenador de micro e nanotecnologias do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Flávio Plentz, a nanotecnologia envolve todos os setores econômicos e é capaz de manipular, sintetizar ou modificar a matéria. No entanto, destaca que, para carregar o nome nano, o conhecimento precisa gerar uma inovação.
"Tudo que se faz em termos de modificação, manipulação ou síntese de materiais nessa escala, a gente considera nanotecnologia. Para ser nanotecnologia aquilo que foi feito ou produzido nessa escala de tamanho tem que gerar, necessariamente, uma nova propriedade ou função para aquele material", diz o coordenador do ministério.
O físico Peter Schulz ressalta a necessidade de inovação e critica o uso da nanotecnologia apenas para atrair a atenção. "Nos últimos anos houve um movimento de patentear produtos com o nome nano. Quando iam investigar [esses produtos], não tinham nada de nanotecnologia. Estavam só surfando na onda do nome. É uma situação ainda de ajustes e vai ser assim por um bom tempo", destacou o físico.
A indústria cinematográfica também aproveitou o conceito de nanotecnologia em 2013. O filme Homem de Ferro 3, com ator Robert Downey Jr. trouxe às telas de cinema a história do cientista e industrial que desenvolve uma armadura de ferro com capacidade de voar.
No filme, é aplicada uma substância no herói que desenvolve habilidades super-humanas. O produto copia o sistema operacional do organismo, com o uso da nanotecnologia, para curar ferimentos e até regenerar partes do corpo. A ficção ainda está distante da realidade, mas suscita o debate dos efeitos colaterais. Como o corpo humano reage a tais inovações? A área ainda não é regulamentada.
Esta notícia foi publicada em 22/09/2013 no site http://diariodovale.uol.com.br. Todas as informações contidas são responsabilidade do autor.