Física
10/03/2014
Professora de física cria brinquedos que ajudam na aprendizagem de alunos
Por Ana Celia OssameAutora de um projeto destinado a construir brinquedos para ensinar noções de Física às crianças e jovens no Jardim Botânico Adolfo Ducke, a professora universitária de Física Luciana da Cunha Ferreira, 30, quer mostrar a ciência nos objetos e na vida prática. Com os protótipos de gangorras a serem produzidos em tamanho natural, a professora pretende mostrar a importância e a necessidade de se olhar com outros olhos essa ciência.
Desde 2009 trabalhando no Museu da Amazônia (Musa), auxiliando o professor e físico Ênio Candotti, Luciana reforça o time daqueles que consideram possível e fundamental fazer estudantes se apaixonarem pela Física.
Formada em Física pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e mestre em Ensino de Ciências pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Luciana observa que, com as gangorras, será possível ensinar o que é um ângulo de 45 graus e a distribuição das massas para fazê-la ficar parada ou pender para um lado ou outro. “Vamos mostrar que é tudo proporcional, tanto nos materiais quanto no corpo, tudo é física”, argumenta.
Aulas
Quando dá aulas de Física para turmas do curso de Arquitetura da Faculdade Nilton Lins e de Ciências Naturais da Ufam, Luciana utiliza primeiramente os brinquedos para despertar a curiosidade dos estudantes. Infelizmente, segundo afirma, a maioria chega com prevenção, por não ter entendido a função e a importância da Física para a vida, principalmente por apresentarem muitas equações e nada de demonstrações importantes para o curso.
“Física tem toda a relação com o meio em que se vive”, explica ela, que na aula seguinte leva tudo o que tem relação com mecânica, movimento circular e deslocamento, coisas que os alunos já conhecem e com as quais se identificam.
Luciana explica que o ensino de Física é igual em todo lugar. “Tudo o que conseguimos ver, desde um arco-íris até uma folha caindo, pode ser explicado pela Física”, afirma a professora, que após estágio na Suíça e visita a vários museus na Europa, verificando o ensino da ciência com a qual trabalha, decidiu construir algo mais interativo e “vivo” para as pessoas, especialmente para as crianças. Para ela, que fez estágio na Europa, o que muda são os contextos, por isso decidiu trabalhar com a ideia de relacionar as coisas que pessoas viram alguma vez na vida com a disciplina.
Indígenas
Como exemplo, cita o trabalhou com indígenas em São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), quando eles relacionaram a Física às atividades de espremer a massa da mandioca no tipiti e também quando disparavam uma flecha, descrevendo toda a trajetória do deslocamento por um tempo em segundos.
No entendimento dela, se os “pequenos” conseguirem crescer com o senso comum voltado para a ciência, quando estiverem em aula, lembrarão desse aprendizado lúdico e não terão medo das equações que, embora necessárias para quem estuda, são sempre as causas do medo que ronda o ensino da Física.
Aulas podem ser práticas e diferenciadas
Natural de Humaitá (a 600 quilômetros de Manaus) e filha de mãe indígena da etnia Torá, no Rio Maici, cuja comunidade fica a um dia e meio de viagem de barco da sede do município, Luciana Ferreira veio para Manaus aos 17 anos, já decidida a estudar Física. “Muitos estranharam, mas vim certa de que era isso que deveria fazer”, contou.
A inspiração nasceu por conta de um professor, identificado por Rochester, que ao mostrar personagens como Carl Sagan e o universo da Física, a encantou “de pronto” no colégio de freiras, em Humaitá.
Luciana veio com o pai, junto a dez irmãos, estudar em Manaus e, a exemplo dela, todos também são formados em curso superior. Agora, com o título de mestre, ela quer trabalhar na formação de professores do ensino médio. Admiradora do físico Ênio Candotti, aceitou o convite para dar aula de pós-graduação em Metodologia do Ensino de Física pelo Estado. “Sei que, ajudando professores a dar aulas de forma diferenciada, vou alcançar mais alunos e assim disseminar a alegria de estudar e aprender Física”, acrescenta a professora.
Caixas
No curso de Mestrado, Luciana Ferreira construiu Caixas de Física 1, 2 e 3, com diversos brinquedos, os quais o professor poderia a escolher, dependendo do tema da aula, para utilizar com os alunos. Esses instrumentos dão ao profissional mais chances de atingir os alunos por levar para a sala de aula algo mais que o simples “blá-blá-blá”.
Esta notícia foi publicada em 09/03/2014 no site http://acritica.uol.com.br. Todas as informações são responsabilidade do autor.